🪄 Lições e insights de liderança em engenharia de software
Conselhos de um head do Google com mais de 25 anos de liderança de equipes. Mais: VSCode 1.93; aula sobre OAuth; dinheiro (investido e gasto) na IA e desafios e descobertas de um milhão de checkboxes.

Eficácia em equipes de engenharia de software tem sido tema recorrente para líderes tech por décadas. Addy Osmani, atual Head de Experiência do Desenvolvedor (DX) no Google Chrome, com mais de 25 anos de experiência liderando equipes, lançou um livro compartilhando conselhos sobre como evoluir times por meio de pilares sustentáveis.
Ensinamentos de “Leading Effective Engineering Teams" (Liderando Times de Engenharia Efetivos, em tradução livre) foram trazidos na newsletter The Pragmatic Engineer recentemente. Fizemos um apanhado das lições, que são interessantes a qualquer líder e, também, a liderados em tecnologia.
Projeto Aristóteles: foco na dinâmica da equipe
Um dos elementos centrais do livro é a análise do Projeto Aristóteles, um estudo abrangente conduzido pelo Google há mais de 10 anos. A pesquisa revelou que a eficácia de uma equipe está mais relacionada à forma como os membros interagem entre si do que à composição individual do grupo.
O estudo identificou cinco dinâmicas na época, que permanecem relevantes:
Segurança psicológica: considerado o fator mais importante, refere-se ao ambiente em que os membros da equipe se sentem seguros para assumir riscos e expressar vulnerabilidades. Equipes com alta segurança psicológica tendem a ser mais inovadoras e apresentar menor rotatividade.
Confiabilidade: relaciona-se à capacidade dos membros da equipe de contar uns com os outros para realizar tarefas e cumprir prazos. A confiança mútua é apontada como fator que aumenta a eficiência e eficácia do trabalho.
Estrutura e clareza: envolve a compreensão clara dos objetivos do projeto e dos papéis individuais. Está associada a uma maior produtividade e foco da equipe.
Significado: refere-se à percepção dos membros da equipe de que seu trabalho tem propósito. Equipes com senso de significado tendem a ser mais motivadas e engajadas.
Impacto: relaciona-se à crença dos membros da equipe de que seu trabalho contribui para os objetivos mais amplos da organização ou da sociedade. Está ligada a maior comprometimento e motivação.
Osmani argumenta que a criação de um ambiente que fomente estas dinâmicas é um desafio contínuo e que permanece atual a líderes de engenharia.
Tamanho da equipe e diversidade
Embora o Projeto Aristóteles não tenha identificado o tamanho da equipe como fator determinante, o autor menciona outros estudos que sugerem que equipes menores, com menos de 10 membros, tendem a ser mais eficazes.
O livro também aborda a importância da diversidade, citando pesquisas que indicam que equipes diversas, cultural e cognitivamente, por exemplo, podem superar grupos homogêneos em resolução de problemas.
Papéis de liderança em engenharia
Três papéis distintos de liderança em engenharia são delineados no livro, com o último sendo usado no Google e o mais versátil:
Tech Lead (TL): líder técnico, fornece orientação técnica, toma decisões arquitetônicas, realiza revisões de código e mentoria. Atua como ponte entre a equipe de desenvolvimento e a gerência.
Engineering Manager (EM): gerente de engenharia, supervisiona e garante a entrega de projetos. As responsabilidades envolvem também planejamento, alocação de recursos, gestão de produtividade e desenvolvimento de carreira.
Tech Lead Manager (TLM): um papel híbrido, comum no Google, que combina liderança técnica com responsabilidades gerenciais. Envolve estabelecimento de prioridades, resolução de desafios técnicos e fomento de cultura colaborativa.
Recomendações práticas
O livro oferece várias recomendações para líderes de engenharia, entre elas:
Fomentar a segurança psicológica na equipe em primeiro lugar;
Priorizar a comunicação clara e transparente;
Manter-se atualizado tecnicamente, mesmo em funções gerenciais;
Alinhar o trabalho da equipe com os objetivos organizacionais mais amplos.
A liderança eficaz em engenharia, segundo Osmani, requer equilíbrio entre aspectos técnicos e humanos, visão e execução. E isso não vem da noite para o dia: é um processo contínuo de aprendizado e adaptação.
"Leading Effective Engineering Teams" se apresenta como recurso tanto para líderes técnicos aspirantes quanto para gerentes de engenharia experientes. Parte de alguns capítulos e outros insights de uma conversa com o autor podem ser conferidos na íntegra na The Pragmatic Engineer.
❓ Você sabe o que é e como funciona server-side rendering?
Você encontrará esse conceito em libs e frameworks populares, como Vue, Next, Angular, entre outros. Respondemos no fim desta edição.
🚀 VSCode 1.93 com novo editor de perfis e mais
A versão 1.93 do VSCode chegou em agosto com várias atualizações e novos recursos. Destaques incluem um novo editor de perfis para gerenciar configurações, suporte a testes unitários no Django (Python), melhorias no IntelliSense para vscode.dev, visualizador de diff para notebooks, redimensionamento de colunas por teclado, melhorias no controle de fonte, atualizações no GitHub Copilot e instruções personalizáveis para o Copilot. Outras adições incluem suporte aprimorado para acessibilidade, depuração, tarefas, e extensões como Python e GitHub Pull Requests. Mais no blog oficial — e para quem quer entender a história da ferramenta, uma conversa em vídeo com dois dos principais engenheiros que trabalharam em sua implementação.
🔒 Aula sobre OAuth, de ataques possíveis a melhorias
Quer entender de forma mais abrangente OAuth, recurso que permite usar a conta de um site para entrar em outro (como usar a conta Google para logar em diversos outros serviços)? Este artigo explora a evolução do protocolo, partindo de uma implementação simplista e insegura até chegar ao fluxo de autorização OAuth 2.0 com PKCE. O autor apresenta diversos ataques possíveis, como exposição de credenciais, manipulação de URI de redirecionamento, CSRF e interceptação de tokens, explicando como cada vulnerabilidade levou a melhorias no protocolo. Interessante porque implementações seguras requerem atenção a vários detalhes técnicos.
🌐 HTTP/3: aprendizado a mais para sua lista
Um artigo recente da InfoWorld lembra por que se inteirar sobre o HTTP/3, pode ser interessante para devs. A quem não acompanha, HTTP/3 é a nova versão proposta para o protocolo de troca de informações na internet, que usa tecnologia chamada QUIC sobre UDP em vez do atual TCP. Embora a maioria dos desenvolvedores não precise implementá-lo diretamente, entender suas características — como criptografia integrada, multiplexação aprimorada e maior resiliência de conexão — pode influenciar decisões de arquitetura e otimização. Também ajuda desenvolvedores a compreenderem melhor o ambiente em que suas aplicações operam. Mais no artigo completo e na boa documentação que agrega.
🤑 Giro na IA: US$ 1 bi para startup que mal existe e o desafio dos custos crescentes
Na IA, o foco tem sido em dinheiro. O big fact é o investimento de um bilhão de dólares à Safe Superintelligence Inc. (SSI), fundada em junho, com dez funcionários e que promete desenvolver superinteligência segura. Detalhe: a empresa é de Ilya Sutskever, ex-chefe de IA segura da OpenAI, e conta com nomes influentes de big techs. Até então, US$ 1 bi era o que startups queriam alcançar para virar unicórnio. A IA teve a proeza de fazer a SSI receber esse valor como primeiro aporte e já valer US$ 5 bi. Outro papo tem sido sobre gastos. Open IA sugere cobrar US$ 2.000/mês para seus LLMs entreprises Strawberry e Orion; Canva, aplicativo de design, pode ter de aumentar 300% a assinatura a usuários, para pagar recursos de IA; e começam a surgir mais preocupações com custos crescente de IAs em aplicações.
❎ Desafios e surpresas de dar um milhão de checkboxes para usuários clicarem
One Million Checkboxes (OMCB) é um desses projetos inúteis, mas que rendem um case de estudo. É um site para marcar checkboxes, um milhão delas. Mas o que começou como um experimento acabou recebendo meio milhão de usuários inesperados, gerando questões de escalabilidade e uma série de quebra-cabeças técnicos — como o desafio de armazenar e transmitir de forma eficiente o estado do milhão de caixas. Mais do que isso, mostrou questões interessantes de interação, comunicação e trabalho em equipe entre usuários, a maioria adolescentes. Muitos se uniram para criar imagens, animações e transmitir mensagens a partir da seleção das checkboxes — uma amostra da complexidade que pode surgir de algo binário. Este artigo, do criador do site, conta mais sobre a experiência e as surpresas.
✅ Resposta: Você sabe o que é e como funciona server-side rendering?
Server-side rendering (SSR) é uma técnica em que o conteúdo HTML é gerado no servidor antes de ser enviado ao cliente (navegador web, por exemplo). Quando um usuário acessa uma página, o servidor executa o código, busca dados, processa informações e gera o HTML. Esse HTML é então enviado ao cliente, que pode exibi-lo imediatamente, sem necessidade de JavaScript para renderizar o conteúdo. Isso resulta em carga inicial mais rápida e melhora otimização para SEO, já que o conteúdo está pronto para indexação. SSR é útil a aplicações que necessitam de bom desempenho inicial ou dependem de SEO, embora possa aumentar a carga no servidor em comparação com aplicações renderizadas no cliente. Mais aqui e aqui e nas docs de libs e frameworks como os citados na pergunta.
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