O futuro do trabalho e as habilidades do amanhã
Report do World Economic Forum projeta dados, IA e software liderando empregos até 2030. Mais: Nvidia lança PC para IA por US$ 3 mil, seniores dominam IA para código e Stack Overflow em queda.

IA e tecnologias de processamento de informação serão a força motriz das transformações no mercado de trabalho até 2030, devendo impactar 86% das empresas globais. O dado é do Future of Jobs report 2025, do World Economic Forum — um dos estudos mais importantes do setor —, que mostra como os avanços tecnológicos, a transição verde e as mudanças econômicas e geopolíticas devem remodelar empregos e competências nos próximos cinco anos.
A pesquisa, que ouviu mais de mil empregadores globais representando 14 milhões de trabalhadores, revela um cenário de transformação profunda, mas também de oportunidades para profissionais de tecnologia. Em meio às mudanças, especialistas em dados, engenheiros de software e profissionais de IA lideram as projeções de crescimento, enquanto funções administrativas e burocráticas perdem espaço para a automação.
Os principais destaques do relatório em relação à tecnologia são:
Crescimento em tecnologia: especialistas em big data, engenheiros fintech e profissionais de IA e machine learning aparecem como as funções com maior crescimento percentual projetado. Desenvolvedores de software, especialistas em segurança e profissionais de UI/UX também integram o top 10 de cargos em alta.
Novas habilidades essenciais: o pensamento analítico segue como a competência mais valorizada, citada por 69% dos empregadores. Mas habilidades em IA e big data, redes e cibersegurança lideram a lista das que mais crescerão. O relatório destaca ainda a importância de combinar competências técnicas com habilidades humanas como resiliência, flexibilidade e pensamento criativo.
Colaboração humano-máquina: até 2030, apenas 33% das tarefas serão realizadas exclusivamente por humanos. O restante será dividido entre trabalho puramente tecnológico feito por máquinas (34%) e colaboração humano-máquina (33%), evidenciando a necessidade de profissionais que saibam trabalhar em conjunto com tecnologias avançadas.
Impacto da IA generativa: metade das empresas planeja reorientar seus negócios em resposta à IA, com dois terços pretendendo contratar talentos específicos nessa área. Embora 40% antecipem redução de posições onde a IA puder automatizar tarefas, o relatório sugere que a tecnologia tende mais a aumentar capacidades humanas que a substituí-las completamente.
Funções em declínio: cargos administrativos como assistentes executivos, operadores de cadastro e caixas devem diminuir significativamente devido à automação. O relatório indica que 92 milhões de empregos atuais podem ser deslocados até 2030.
Tecnologia verde em alta: especialistas em veículos autônomos e elétricos, engenheiros ambientais e profissionais de energia renovável aparecem entre os 15 cargos com maior crescimento, refletindo a convergência entre tecnologia e sustentabilidade.
Capacitação contínua: 85% das empresas planejam priorizar a atualização das habilidades de seus funcionários. Do total da força de trabalho, 59% precisará de treinamento até 2030, sendo que 29% poderão ser capacitados em suas funções atuais e 19% precisarão ser realocados.
Um dado otimista é que haverá um aumento líquido de empregos no mercado global até 2030. Serão criados 170 milhões de novos postos, enquanto 92 milhões serão deslocados, resultando em um ganho de 78 milhões de vagas ou 7% do total atual de empregos formais.
O horizonte até 2030 aponta para um mercado de trabalho onde a tecnologia será ainda mais central e integrada às atividades humanas. Para profissionais de desenvolvimento e tecnologia, isso significa oportunidades crescentes, mas também uma necessidade constante de atualização.
O diferencial estará em saber combinar competências técnicas com habilidades humanas como criatividade e adaptabilidade, além de entender como trabalhar com IA e outras tecnologias emergentes. Mais que substituir trabalhadores, o relatório aponta que a tecnologia deve ampliar capacidades humanas — e os profissionais que melhor navegarem nessa integração terão vantagens.
Ficha técnica: Future of Jobs Report 2025
Publicação: World Economic Forum
Lançamento: janeiro de 2025
Base da pesquisa:
Mais de 1.000 empresas globais;
Representando 14,1 milhões de trabalhadores;
Cobertura: 22 clusters industriais em 55 economias.
Contexto avaliado:
Período: 2025-2030;
Última atualização da base de conhecimento: abril de 2024;
Foco: Transformação do mercado de trabalho global.
Relatório completo: Future of Jobs Report 2025.
Nvidia anuncia supercomputador Linux de IA por US$ 3 mil
Em meio aos gadgets da CES 2025 – maior feira de eletrônicos de consumo do mundo –, a Nvidia apresentou um produto que pode democratizar o cenário de desenvolvimento de IA: o Project Digits, supercomputador pessoal que roda Linux e promete levar o poder computacional de data centers para a mesa de devs, data scientists e outros profissionais tech. Por US$ 3 mil e disponível em maio, a máquina usa o novo chip GB10 Grace Blackwell, que oferece 1 petaflop de desempenho. Traz também CPU Grace de 20 núcleos ARM, 128 GB de memória unificada e capacidade para até 4 TB de armazenamento. Com DGX OS baseado em Linux, permite desenvolver e testar modelos de IA localmente, além de ter acesso a ferramentas como NeMo, RAPIDS e PyTorch. Mais aqui e aqui (dica de um colega da BeTalent).
Paradoxo da IA no código: seniores se beneficiam mais
O uso de IA para programação revela um paradoxo interessante — que já estudamos e constatamos na BeTalent —: devs experientes conseguem melhores resultados com essas ferramentas do que iniciantes. Em artigo ao The Pragmatic Engineer, Addy Osmani, líder no Google, explica que a IA age como um dev júnior muito ágil, mas que precisa de supervisão. Enquanto seniores usam IA para prototipar ideias que já dominam e automatizar tarefas rotineiras, devs menos experientes tendem a aceitar soluções incorretas ou desatualizadas e que não compreendem. Osmani recomenda usar IA para acelerar o aprendizado, não para substituí-lo. Mais aqui.
Stagehand simplifica automação de navegadores web
Framework open source recém-lançado promete facilitar a criação de automações para navegadores. O Stagehand funciona como uma camada sobre o Playwright e permite criar scripts via linguagem natural usando três APIs: act
, extract
e observe
. O projeto, mantido pela Browserbase, mostra exemplos de como extrair histórias do Hacker News até automatizar compras na Amazon. Compatível com TypeScript, está em fase inicial e busca feedback da comunidade no GitHub. Documentação completa em docs.stagehand.dev.
CTO revela aprendizados sobre times e cultura
Em carta anual publicada em seu blog, Miguel Carranza, CTO e cofundador da RevenueCat, compartilha lições sobre construção de times e cultura em startups. Entre os aprendizados, ele destaca que entregar resultados é mais importante que discussões intermináveis, e que profissionais excelentes tendem a se comparar a outros funcionários igualmente excelentes para medir seu desempenho. Sobre cultura, observa que os melhores gestores são aqueles que conseguem fazer também o trabalho operacional e não apenas liderar. Carranza enfatiza ainda a importância de documentar processos quando a empresa cresce, já que fundadores não conseguem mais falar com todos. Mais aqui.
Stack Overflow tem queda de 70% nas perguntas
O principal fórum de dúvidas de programação registrou forte redução no volume de questões. Em dezembro de 2024, foram 25,5 mil novas perguntas, uma queda de 70% em relação às 87,1 mil registradas em março de 2023, segundo dados do próprio Stack Overflow. Embora o ChatGPT tenha acelerado o declínio, a plataforma já vinha perdendo usuários: a média mensal de questões caiu de 150 mil em 2018 para 110 mil em 2022. Para desenvolvedores ativos no fórum, o ambiente hostil a novatos e a moderação rígida contribuíram para o cenário. O último período com volume tão baixo foi em maio de 2009. Análise completa neste Gist.
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