JavaScript em sites cresce 14% em 2024 e metade não é utilizada
Estudo revela cenário do uso de JS na web. Mais: ChatGPT edita código direto em apps macOS, Mistral lança OCR para extrair documentos com precisão, React Timer Hook e o "Vibe Coding" em startups.

A exemplo de anos anteriores, o volume de JavaScript carregado em sites continuou crescendo em 2024, com um aumento de 14% em relação a 2023. De acordo com estudo do Web Almanac deste ano, o tamanho médio de JavaScript alcançou 558 KB em dispositivos móveis e 613 KB em desktops.
Um alerta é que aproximadamente 44% desse código baixado não é utilizado durante o carregamento da página. A análise revelou, por exemplo, que devs perdem oportunidades de otimização, com 38% das páginas móveis tendo JS que poderia ser minificado. Para piorar, 82,7% dos bytes desperdiçados vêm de scripts próprios (first-party), não de terceiros.
O número de requisições de JavaScript também aumentou, com uma página mediana fazendo 22 requisições em dispositivos móveis e 23 em desktops. Entre os 10% dos sites mais "pesados", esses números sobem para 68 e 70 requisições, respectivamente. Tal tendência pode prejudicar a experiência do usuário, especialmente para quem usa dispositivos mais antigos ou com menos recursos.
Em relação a práticas legadas, 12% das páginas móveis ainda usam document.write
para manipular o DOM, método desaconselhado pela própria especificação HTML por bloquear o parser. Além disso, 67% das páginas continuam a enviar JavaScript legado com transforms desnecessários para browsers modernos.
Em relação às bibliotecas, jQuery — sim, ele mesmo — continua dominando com presença em 74% das páginas, seguido pelo core-js (41%) e jQuery Migrate (33%). O React cresceu ligeiramente para 10%, comparado aos 8% do ano anterior.
Obviamente, não há só más notícias. A compressão Brotli (mais eficiente) ultrapassou o gzip como método predominante, sendo usada em 45% das requisições de JavaScript em dispositivos móveis (contra 41% do gzip).
O uso de dynamic imports também teve um aumento, de 0,34% para 3,7% das páginas móveis, refletindo a adoção de técnicas de carregamento sob demanda (apenas quando necessário).
Async em scripts também cresceu, passando de 76% para 87% das páginas, tanto em dispositivos móveis quanto em desktops, enquanto Web Workers saltaram de 12% para 30% das páginas móveis. A tecnologia permite executar JavaScript em threads separados, mantendo a interface responsiva enquanto tarefas complexas são realizadas em background.
Componentes Web também mostram crescimento, com elementos personalizados sendo usados em 7,8% das páginas desktop, aumento significativo em relação aos 2% de 2022. O Shadow DOM, técnica que permite encapsular componentes isolando seu estilo e comportamento, subiu de 0,39% para 2,5% das páginas móveis, podendo indicar uma mudança gradual para padrões web nativos.
Vale repetir que a quantidade de JavaScript tem impacto direto na experiência do usuário. O INP (Interaction to Next Paint), que se tornou uma Core Web Vital em 2024, mostra que a mediana das páginas móveis responde em 100ms, enquanto o Total Blocking Time (TBT) revela que, acima do 75º percentil (as 25% páginas mais pesadas), há quase 3 segundos de bloqueio durante o carregamento.
Para devs, o estudo reforça a tarefa de casa: dividir tarefas longas em blocos menores, adotar soluções como Web Workers para processamento intensivo e dynamic imports para código não essencial, e minificar scripts próprios. A diferença entre experiência ágil ou frustrante frequentemente está em decisões técnicas simples. Mais informações, gráficos e outros aspectos interessantes no estudo completo.
ChatGPT pode editar código diretamente em apps no macOS
O aplicativo do ChatGPT para macOS agora permite editar código diretamente em ferramentas como VS Code, Xcode e JetBrains, eliminando a etapa de copiar e colar. Assinantes Plus, Pro e Team já têm acesso após atualização, incluindo um modo "auto-apply" que faz alterações automaticamente. Usuários gratuitos, Enterprise e Edu receberão o recurso na próxima semana, enquanto a versão para Windows chegará "em breve". A função expande o recurso "work with apps" e posiciona o ChatGPT como concorrente direto do Cursor e GitHub Copilot. Mais no X do OpenAI Developers.
Mistral lança sistema que extrai conteúdo de documentos com precisão
A Mistral, empresa francesa de IA, apresentou sua API OCR, sistema que transforma documentos complexos em texto processável por máquinas com precisão. A ferramenta reconhece elementos como texto, tabelas, fórmulas matemáticas e imagens, preservando a estrutura original de documentos. Seu propósito é permitir que empresas convertam arquivos não-estruturados em dados utilizáveis para pesquisa, análise ou alimentação de sistemas de RAG em IA. A tecnologia já está sendo usada para digitalizar pesquisas científicas, preservar documentos históricos e converter documentação técnica em formatos indexáveis. O custo é de US$ 1 por 1.000 páginas. Mais no anúncio oficial.
React Timer Hook: suporte a milissegundos na versão 4.0.0
A biblioteca react-timer-hook acaba de lançar a versão 4.0.0 com suporte a milissegundos em seus três hooks principais: useTimer
, useStopwatch
e useTime
. A atualização permite precisão personalizada com o parâmetro interval
, ideal para cronômetros que exigem maior exatidão. A biblioteca, utilizada por mais de 10.700 projetos, oferece soluções elegantes para contadores regressivos, cronômetros e exibição de horário atual em aplicações React. Mais no repo do projeto.
"Vibe coding" ganha força entre founders de startups
O termo "vibe coding", cunhado pelo cientista da computação Andrej Karpathy, parece estar “pegando”. Segundo a Y Combinator, ferramentas como Cursor permitem que founders engenheiros entreguem-se às “vibes de código” enquanto os LLMs fazem o trabalho sujo. A aceleradora afirma, inclusive, que 25% dos founders da turma W25 já estimam que mais de 95% de seu código seja gerado por IA. A mudança é tão drástica que muitos, mesmo vindo da engenharia, já se consideram mais "pessoas de produto" do que engenheiros. Mais em vídeo da YC e no Tech Crunch.
Mergulho técnico em modelos de raciocínio de IA
Quer entender sem "bullshitagem" como modelos de raciocínio como o1 e DeepSeek-R1 funcionam? Artigo do PhD Cameron Wolfe em sua newsletter Deep (Learning) Focus faz um tour profundo, porém acessível, na tecnologia. Rico em diagramas, referências e detalhes de implementação, explica como essas IAs usam CoT (cadeias de pensamento) para resolver problemas complexos. O texto desmistifica reinforcement learning dos sistemas e compara modelos proprietários com abertos. Para quem gosta de imergir em algo deep tech, vale a leitura.
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