Impacto inesperado da IA na produtividade de devs experientes
Tempo de conclusão de tarefas aumentou em 19% com IA, mostra estudo. Mais: ChatGPT Agent, maior migração para React Hooks do mundo e "vibe coding" na AWS e no Google.

Um estudo da Model Evaluation & Threat Research (METR), publicado em 12/07/2025, desafia a percepção comum de que ferramentas de IA aumentam a produtividade de desenvolvedores, principalmente os experientes.
Por meio de um ensaio controlado randomizado, a pesquisa investigou 16 desenvolvedores de código aberto com média de cinco anos de experiência, atuando em 246 tarefas reais em seus próprios projetos. As ferramentas de IA utilizadas incluíram Cursor Pro e Claude 3.5/3.7 Sonnet.
Contrariando as expectativas — tanto as previsões dos desenvolvedores (redução de 24% no tempo) quanto suas estimativas pós-estudo (redução de 20%), além das projeções de especialistas (redução de 38-39%) —, o uso de ferramentas de IA, na verdade, aumentou o tempo de conclusão das tarefas em 19%.
Essa desaceleração foi atribuída a múltiplos fatores. A METR analisou 20 propriedades do ambiente de estudo, identificando os seguintes pontos:
A curva de aprendizagem das ferramentas de IA é mais acentuada do que se supõe — o único desenvolvedor com mais de 50 horas de experiência prévia com o Cursor Pro, por exemplo, demonstrou ganhos de velocidade.
O conhecimento implícito dos desenvolvedores sobre seus próprios repositórios, com projetos maduros e com média de 1,1 milhão de linhas de código, frequentemente superou a capacidade da IA de fornecer sugestões contextualmente precisas, tornando-a mais útil em tarefas desconhecidas.
A baixa confiabilidade da IA foi um fator decisivo: menos de 44% do código gerado pela IA foi aceito. Mesmo quando aceito, 75% dos desenvolvedores revisaram cada linha e 56% necessitaram de grandes alterações, gerando um custo de revisão e correção que anulou potenciais ganhos de tempo.
A complexidade e o volume dos repositórios também limitaram a eficácia da IA, resultando em erros ou modificações em partes não intencionais do código.
O estudo não desqualifica o potencial futuro da IA na produtividade nem implica que o uso otimizado não possa gerar benefícios. Mas evidencia a complexidade da IA no desenvolvimento de software de alto nível, ou seja, exige adaptação e entendimento realista dos desafios na interação humano-IA em ambientes profissionais.
Mais no estudo completo no Arxiv e em um comentário a respeito neste blog.
ChatGPT Agent cria ponte entre pesquisa e ação
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Biblioteca multi-runtime para envio de e-mails
Upyo é uma biblioteca para envio de e-mails que funciona em Node.js, Deno, Bun e edge functions. Promete API consistente, tem tipagem com TypeScript e ausência de dependências. A ferramenta permite alternar entre serviços como SMTP, Mailgun, SendGrid e Amazon SES sem mudança no código. Inclui, ainda, um mock transport para testes. Mais no site e repo.
A maior migração para React Hooks do mundo
A Faire (marketplace B2B) migrou componentes de classe e MobX para React Hooks durante três anos (2022 a 2025), o que pode ser a maior migração do tipo já vista. A mudança corrigiu problemas de manutenção e desempenho. A empresa usou monitoramento ESLint e automação Grit. Os principais gargalos foram teste e revisão, mas os ganhos foram de 5% a mais em pedidos (pré-fetch), 25% de melhoria em INP e economia de 20 a 30 minutos diários com bundler. A IA removerá o MobX restante. Mais no Medium da Faire.
AWS quer IDE para quem cansou de "vibe coding"
Marketing inteligente ou não, a Amazon está com lista de espera para o Kiro, um IDE agêntico que promete abordar falhas do "vibe coding", como a dependência excessiva em tarefas complexas ou a dificuldade de documentar decisões. A promessa é transformar prompts em especificações detalhadas e documentadas antes da codificação, para maior precisão, contexto e execução de tarefas. É ver (e usar) para crer. Mais em kiro.dev.
E o Google pôs "vibe coding" em testes para PMs
Um candidato a PM no Google foi surpreendido por um teste com "vibe coding" e fez um relato da sua experiência (e dos erros que cometeu). O tema levou à discussão sobre exigências de “PMs técnicos” e também o preparo de recrutadores. O formato do Google visa avaliar raciocínio de produto e a capacidade de prototipar com IA. Serve de alerta, já que pode virar moda mesmo para outras posições em tecnologia. Mais no relato.
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