🤔 Aplicações de IA não são só chatbots, afinal?
Esta e outras perguntas respondidas em mais uma pesquisa do setor. Mais: MySQL 9.0 vai permitir codar em JS; recursos de IA no Figma; acessibilidade; e as muitas formas de recarregar uma página em JS.

Quando você pensa em aplicações de IA em produção, qual o exemplo mais óbvio que vem à cabeça? Chatbots para conversar com os clientes? Você não está sozinho.
Seja por urgência de lançar alguma coisa (qualquer coisa) em IA para estar no hype, seja por falta de criatividade ou capacidade de ir além, o principal caso de uso da IA em empresas ainda se resume a chatbots, tanto que já se fala em uma certa "fadiga" da ferramenta.
É o que revela a pesquisa The State of AI 2024 da Retool, plataforma de desenvolvimento de software low-code. De 730 pessoas ouvidas, entre elas muitos devs, galera de dados, lideranças e pessoas de funções e setores técnicos, 55,1% afirmaram terem construído ou manterem chatbots de IA em suas empresas.
As constatações não ficam só nisso:
Sentimento geral: a percepção sobre a IA permanece moderada, sendo considerada ligeiramente superestimada. Há otimismo sobre o potencial futuro da IA, mas reconhecimento de limitações atuais.
Adoção e impacto: a adoção da IA está crescendo, mas de forma mais moderada do que a narrativa da mídia sugere. Cerca de 30% das empresas se consideram avançadas na adoção de IA. O impacto dos casos de uso de IA é avaliado em 6,7 de uma escala de 0 a 10, em média.
Investimento: 42% acham que o investimento em IA está no nível certo, enquanto 40,5% acham que não é suficiente. Líderes de nível médio são mais favoráveis a mais investimentos em IA do que colaboradores individuais.
Uso de ferramentas de IA: 74% usam copilotos e outras ferramentas de IA no trabalho pelo menos semanalmente. Equipes de Produto e Engenharia lideram a adoção diária (68% e 62,6%, respectivamente). Significativo: 85,5% dos respondentes totais da pesquisa e 64,4% dos que se consideram usuários diários da IA relatam melhorias na produtividade.
Uso secreto de IA: 27,3% dos respondentes ainda usam IA em segredo no trabalho e 9% o fazem contrariando diretamente a política da empresa.
Impacto nos empregos: 45,7% consideram colaboradores de nível iniciante como os que correm mais risco de serem substituídos pela IA.
Casos de uso: além dos chatbots para clientes externos, os principais casos de uso acabam sendo internos e focam nas seguintes atividades: escrever código/queries (42,1%), Q&A de base de conhecimento (36,4%) e chatbots de suporte (33,9%).
Modelos e customização: OpenAI domina absoluta, com 76,7% de uso (GPT-4: 45%, GPT-3.5: 25%). A maioria customiza modelos, principalmente através de fine-tuning (29,3%) ou usando bancos de dados vetoriais/RAG (23,2%).
Ferramentas de desenvolvimento: 59,1% usam ferramentas adicionais para desenvolvimento de IA. HuggingFace (15,8%) e ferramentas personalizadas (10,6%) são as mais usadas.
Hardware e ROI: 38,9% alugam GPUs de grandes provedores de nuvem para serviços de IA. 53,7% relatam ROI positivo no uso de GPUs.
Desafios: em linha com outros reports do setor, principais obstáculos do uso da IA são: precisão/alucinações do modelo (38,9%), falta de expertise técnica do time/acesso a recursos (38,2%) e segurança de dados (33,5%).
Perspectivas futuras: 59,9% acreditam que a probabilidade de AGI (Inteligência Artificial Geral) nos próximos 10 anos é alta, muito alta ou certa 😯.
Vale uma olhada no relatório completo. A pesquisa é de abril de 2024, sendo que a maioria dos respondentes são do setor de tecnologia (37,5%), seguidos de consultorias e serviços profissionais, financeiros e mídia/comunicações. Engenheiros foram maioria (31%), seguidos de pessoal de operações e produto.
Curiosamente, uma pequena nota em meio à pesquisa informa que ela foi feita ao modo "old school", sem uso de IA para gerar o conteúdo do relatório — algo que está se tornando comum, e bastante perceptível, na enxurrada de reports similares que a IA tem provocado.
🛠️ MySQL 9.0 permitirá codar em JavaScript no SQL
A Oracle lançou agora em julho/2024 a primeira versão do MySQL 9.0. Uma das novidades é a possibilidade de criar funções e procedimentos usando código JavaScript que chama SQL ou vice-versa. Para acompanhar a onda da IA e dos RAGs, também foi introduzido um novo dado do tipo Vector, além de eliminar o SHA-1 e substituir o mysql_native_password por caching_sha2_password. O porém? Vale só para a versão Enterprise, que é paga, e não para a versão Community, gratuita. De qualquer maneira, também saiu o MySQL 8.0.38, agora em versão estável (LTS), e o MySQL 8.4, com correções de bugs.
🖌️ Figma quer impulsionar designers com recursos de IA
Figma anunciou agora uma série de recursos de IA para, segundo a empresa, impulsionar o trabalho dos designers. Entre eles, estará a geração de designs a partir de prompts de texto e a geração de imagens realistas diretamente na ferramenta. Haverá também recursos para agilizar tarefas comuns, como edição de imagens, prototipagem interativa e até nomeação automática das camadas. Textos ganharão novidades de tradução, encurtar ou reescrever com um clique. E a busca visual e de ativos com IA promete simplificar a localização e o reuso de designs através de consultas por imagem e texto. Os recursos devem ser liberados gradualmente ao longo de 2024. Mais no anúncio oficial.
📖 Conselhos de manager de engenharia do Google para produtividade
Nunca é demais reforçar. Em palestra recente em Boston, Jennifer Davis, gerente de engenharia no Google, enfatizou pontos comuns para times de qualquer tamanho melhorarem a produtividade. Os conselhos? Documentação clara e amostras de código para facilitar o trabalho. Considerar a experiência dos devs (DX) para facilitar escrita e manutenção de código, velocidade de feedback e autonomia na resolução de problemas. Friction logging ("registro de fricção") para identificação de melhorias. Comunicação para celebrar sucessos, questionar suposições e focar no aprendizado contínuo. E lembrar que produtividade não se resume à quantidade de código escrito, mas a entregar valor rapidamente.
♿ Como pessoas com deficiência usam a web
Quando projetamos ou desenvolvemos um site, sistema, app ou uma simples landing page, na maioria das vezes criamos isto a outras pessoas, certo? Que tal se colocar no lugar de quem não pode usar as mãos, ou de quem não consegue enxergar, ou de quem tem deficiências cognitivas? A W3C, organização que desenvolve padrões para a web, tem uma página justamente sobre essas questões. Há user stories, tipos de deficiências, uma série de princípios de acessibilidade (estude-os!) e vídeos. Vale sempre lembrar que projetamos e desenvolvemos para o mundo, não para nós mesmos.
😵💫 535 formas de recarregar uma página com JS
Da seção "curiosidades" (ou "conhecimentos inúteis"), mas que permitem descobrir as riquezas — de outro jeito, seriam redundâncias? — que uma linguagem de programação como JavaScript permite. Pois alguém tratou de listar 535 formas de recarregar uma página com JS. Tem desde location = location
até location['reload']()
e window.location.href = window.location.href
. Um bom exercício de imaginação, e também de conhecimento e exploração de JavaScript.
❓O que diferencia biblioteca (lib) e framework em programação?
É comum muitos de nós fazermos confusão ou usarmos ambos os termos como similares. A verdade, porém, é que há diferenças. Explicaremos na próxima edição.
A propósito, a resposta à pergunta anterior é: duck typing é um conceito associado a linguagens dinâmicas como Python e Ruby, que determina a compatibilidade de um objeto não por sua classe ou tipo explícito, mas pelo conjunto de métodos e propriedades que implementa. A ideia é que, se um objeto faz "quack" como um "pato" (comporta-se como esperado), então pode ser tratado como pato. Isso permite maior flexibilidade e polimorfismo, dado que funções ou métodos podem operar em qualquer objeto que possua métodos ou atributos necessários, independentemente de classes. Duck typing promove uma abordagem mais pragmática e menos restritiva à tipagem, focando no comportamento do objeto ao invés de sua identidade formal. Este, este e este recursos ajudam a saber mais.
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